O retrato do Brasil miserável
O Brasil vai doar R$ 375,95 milhões e enviar mais 1.300 militares ao Haiti. Eles vão se somar a outros 1.300 que já estão no país caribenho, sustentados pelo povo brasileiro, porque a ONU só reembolsou 31% dos R$ 464 milhões gastos em quatro anos da operação.
O custo da missão, em 2008, ultrapassava R$ 500 milhões. Esse montanre representa 60% de todo o investimento do governo Lula em segurança em 2007.
O Brasil quer, ainda, presidir um gabinete de crise naquele país, para “melhorar o fluxo de informações e definir as prioridades para a ajuda humanitária aos haitianos”.
O lançamento pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) do livro “Juventude e Políticas Sociais no Brasil” não teve a mesma propaganda da ajuda humanitária aos haitianos. Talvez porque revele que outro exército, de 49,8 milhões de jovens de 15 a 29 anos, vive abandono semelhante, sem que nada seja feito para mudar as suas vidas.
Quase 30% desses jovens são pobres, vivem em famílias com renda per capita de até meio salário mínimo. São também as maiores vítimas das mortes por causa violenta: a faixa etária entre 15 a 24 anos representou, em 2007, 67,7% de todas as mortes violentas no País, segundo informações do IBGE publicadas no livro.
A pesquisa diz, ainda, que só 47,9% dos jovens com idade entre 15 e 17 anos cursavam o Ensino Médio naquele ano. Quase cinco milhões estavam desempregados. Constituíam 60,74% do total dos sem trabalho, uma taxa de desemprego três vezes maior do que a dos adultos. Outros 19,8% não trabalhavam nem estudavam.
É nobre o gesto de ajudar o Haiti. Mas, antes disso, deveríamos cuidar dos brasileiros, para que o futuro não nos surpreenda, dizendo: o Haiti é aqui, no Brasil. Acorda Lula o Haiti é aqui.
Será que o Haiti não é aqui?
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