sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

MEDO E AFLIÇÃO EM ASSU

Medo e aflição em Assu
Atingidos por enchentes que devastaram suas vidas nos últimos anos, habitantes preparam-se para novos problemas

A sabedoria do homem do campo, em muitos casos, ultrapassa os avanços tecnológicos. Em Assu, a 206km de Natal, os agricultores já sabem que são dois anos de cheia e um de seca. Marcados pelos prejuízos da última enchente, em 2008, os moradores já esperam os danos para este ano. Os estragos de três anos atrás, em sua maioria, não foram sanados. O Rio Piranhas/Açu continua assoreado, com pontes e acessos destruídos. Agricultores não tem recursos para novas plantações e tem medo de perder tudo outra vez.

"A pior de todas foi 2008. E deve ter enchente de novo esse ano", declarou o agricultor Manoel Fonseca, 68, morador da região de várzea de Assu. Na última enchente ele perdeu plantações de várias culturas, conseguiu salvar o gado, que mandou para outras terras com antecedência, tirou as cabras com ajuda de uma canoa, ficou sem móveis e ainda teve a estrutura da casa danificada. Recebeu duas cestas básicas do governo federal, mais duas da prefeitura e sete meses sem pagar energia, benefício concedido pelo governo do estado. "Tinha oito mil pés de banana e perdi. Até hoje não recuperei".


Obras da ponte sobre o Rio Piranhas/Açu ainda não foram concluídas Foto: Fábio Cortez/DN/D.A.Press
Ele mora em uma área utilizada para a agricultura irrigada, que serve tanto para a plantação familiar como para grandes empresas de fruticultura e fica próximo ao Canal do Panon. O canal foi construído pelo governo do estado para receber a vazão de água da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves. Porém, a falta de manutenção assoreou o rio ao ponto de as areias alcançarem a altura das diversas pontes do Panon. Quando a barragem ultrapassa o limite da capacidade e a água chega ao canal, gera inundações por toda região. O Panon não tem profundidade e ainda impossibilita o deslocamento da população que está próxima, já que as pontes ficam cobertas d'água. "Ano passado perdi as plantações porque não tinha como tirar daqui. Quando o prefeito coloca canoa, tudo bem, ou então, a gente fica sem nada. Se fizessem essas pontes já resolveria muita coisa".

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