terça-feira, 12 de outubro de 2010

Arquidiocese de Natal permite que religiosos orientem fiéis na política



Instituição defende recomendações da CNBB e prega necessidade de candidatos com princípios éticos e morais.

Seguindo a cartilha da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Arquidiocese de Natal autoriza que bispos e padres orientem os fiéis na escolha de candidatos com princípios éticos e morais, entre os quais se incluem especialmente o respeito incondicional à vida, à família, à liberdade religiosa e à dignidade humana. Para a Igreja, a prática do aborto, por exemplo, fere esses princípios. Razão pela qual a Instituição parece ter declarado uma “cruzada” contra a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, que teria declarado, em 2007, ser favorável à descriminalização do aborto. Em missa transmitida pela TV Canção Nova, na terça-feira (5), o padre teria pedido aos fiéis que não votem em Dilma neste segundo turno, pois a petista seria a favor do aborto. A candidata e a coligação “Para o Brasil seguir mudando” entraram com representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo direito de resposta contra a TV. Na ação, a campanha de Dilma ressalta que as declarações do padre são “falsas e ofensivas, de cunho difamatório e calunioso”. A exemplo da missa transmitida pela TV Canção Nova, em Natal alguns padres estão em campanha contra a petista. De acordo com uma fonte do Nominuto.com, na Comunidade Católica de Casais Vida Nova as orações são para que Dilma perca a eleição. Na Igreja São João, em Lagoa Seca, ecoa o alerta para que os católicos votem em candidatos que sejam favoráveis a vida. Religião e Política Para o cientista político Emanuel Evangelista essa relação entre religião e política é recorrente e preocupante. “No Brasil esse debate é sempre trazido pelos setores conservadores. Essa discussão que está acontecendo é muito preocupante", considera. "É uma agenda da Idade Média”, critica, emendado a Idade Moderna rompeu com a forte ligação existente entre Estado e Igreja e iniciou o Estado laico, ou seja, aquele que assegura a todos a liberdade de crença religiosa. “Não é papel do governo estar preocupado com princípios de instituições religiosas. O governo tem que estar preocupado com a economia, emprego, saúde, segurança, salário, entre outras questões. E o eleitor tem que analisar um candidato em função daquilo que ele propõe para o Brasil”, opinou. Com relação ao aborto, Evangelista disse que a opinião dos dois presidenciáveis que disputam o segundo turno das eleições 2010, José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), é a mesma. Ou seja, tanto Serra quanto Dilma defende que o Estado acolha as mulheres que chegam às unidades médicas com infecções decorrentes do aborto. “Essa não é uma questão religiosa, é uma questão de saúde pública que está se transformando em moeda eleitoreira”, disse, acrescentando que as mulheres ricas fazem abortos em clínicas particulares e as pobres, muitas vezes, morrem de infecções decorrentes de abortos feitos em clínicas clandestinas. O cientista político conclui seu pensamento com a frase: “Não dá para fazer dessa discussão a principal questão da campanha”.

Fonte: Nominuto.com

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