terça-feira, 29 de junho de 2010

POPULAÇÃO TOMADA POR DOR E REVOLTA

População tomada por dor e revolta
Vila de Ponta Negra pede justiça após tiros e morte de bebê, que foi enterrado ontem. Polícia investiga suspeitos
Maiara Felipe //
Especial para o Diário de Natal
Ogrito de Alexandra do Nascimento Silva, na manhã de ontem, era no cemitério público de Ponta Negra, mas parece ter sido ouvido em todo bairro. Ela é a mãe de Rafael Alexandre, seis meses, o principal personagem entre as vítimas da violência na Vila da Ponta Negra, promovida na noite de sábado por cinco homens, que deflagaram vários tiros aleatoriamente na Rua Morro do Careca. A criança morreu e restaram cinco feridos. Como forma de protesto, os moradores percorreram as ruas da praia pedindo segurança e justiça para uma população que vive em meio a guerra do tráfico de drogas. Em resposta, o delegado da 15ª Delegacia de Polícia, em Ponta Negra, Luiz Gonzaga Lucena, afirma já saber quem são os suspeitos pelo crime.


Moradores fizeram ontem uma caminhada pelas ruas do bairro da Zona Sul para protestar contra a violência Foto: Carlos Santos/DN/D.A Press
Lucena parece compartilhar do mesmo sentimento de revolta da população e definiu os bandidos que mataram a criança como "chinfrim". " Eles foram lá matar uma pessoa. Essa pessoa fugiu e eles saíram atirando em todo mundo",relatou. A rixa é resultado de uma disputa entre traficantes da Vila de Ponta Negra, bairro conhecido da polícia por problemas com o tráfico. Segundo o titular da 15ª DP, os nomes dos envolvidos não podem ser divulgados até que as investigações sejam concluídas, mas tanto a possível vítima como os acusados já estiveram preso na delegacia.
O jovem que seria alvo dos tiros completou 18 anos recentemente, responde por três homicídios praticado enquanto ainda era adolescentee e esteve prestando esclarecimentos sobre esses casos na última quinta-feira. De acordo com Lucena, ele não tem nenhum parentesco com a Alexandra.
Pedindo ajuda ao delegado, diversas pessoas acompanharam de casa até o cemitério, a auxiliar de cozinha Alexandra. Revoltada, a população aclamava por segurança e não se conformava com a morte da criança de seis meses. "Na frente da casa só tinha mulher e criança. Se eles tinham problemas com alguém ali, atirassem somente na pessoa", disse um dos atingidos. A mãe de Rafael não conseguiu falar sobre o caso, estava em estado de choque e somente chorava.

Velhos conhecidos

Os homens que teriam atirarado nas seis pessoas estiveram na carceragem da delegacia por tráfico e porte ilegal de arma. "Esses elementos já estiveram presos, mas a lei tem muitas brechas. Veja quanto tempo eles vão passar atrás das grades", declarou o delegado Lucena.

"Pretinho" é o apelido que teria um dos supostos autores dos disparos, segundo testemunhas. O delegado não confirmou o nome. A conversa entre os moradores é que os tiros já estavam prometidos e podem ter sido fruto de briga entre traficantes do bairro no último dia 23. Ningúem relatou envolvimento de nenhuma das vítimas com drogas. Porém, populares disseram que um irmão de Alexandra foi assassinado há três anos por envolvimento com drogas.

O caso

Em um gol branco com faróis azuis, por volta das 22h, os homens pararam em frente a uma casa, onde estava tendo uma festa infantil, e deflagaram vários tiros. Rafael Alexandre estava no colo de uma adolescente de 15 anos,quando foi atingido no abdômen. Ele morreu e ela foi ferida nas costas de raspão. Carlos da Silva Nascimento, levou um tiro também nas costas, e sua esposa Lenira Lucas Cavalcante foi alveja com dois tiros, um em cada perna. Ambos já foram liberados do hospital. Uma adolescente de 14 anos está no Walfredo Gugel com uma bala alojada próximo à coluna e deverá passar por uma cirurgia.

Todos os feridos estavam na festa, com exceção de Darly Luana Nascimento da Silva, que estava saindo de casa e, ao escutar o tiro, se escondeu atrás de um poste. Duas balas atingiram suas nádegas. No local do crime, a polícia encontrou cápsulas de pistolas 380, 9 milímetros e revólver 38.

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